Páginas

domingo, 6 de julho de 2025

Saudades, parte III

Em meio ao sentimento de saudade, da distância dos amigos e família, surge uma pergunta:


  Afinal, o que torna um laço afetivo significativo e duradouro a ponto de causar saudades?


Essa é a terceira parte de um texto sobre saudades. Na primeira parte, eu desabafava como era difícil lidar com a saudade de pessoas queridas que estavam distantes. Na segunda parte, escrevi uma reflexão mais profunda sobre como laços afetivos e experiências compartilhadas se refletem no desenvolvimento sentimental e em nossas histórias de vida. Nessa terceira parte, gostaria de dar um passo adiante, mais racional, e tentar entender como e porquê conexões se formam, se mantém ou se desfazem.

Talvez o ponto principal desse texto seja a observação de que algumas conexões mesmo há quilômetros de distância, em uma condição com tantos limitantes, se mantém firmes (e as vezes até se fortalecem mais!) enquanto outras, que a primeira vista parecem mais fáceis de se manter, se tornam frágeis, superficiais, não se desenvolvem ou mesmo se desfazem em pouco tempo. 

Vou utilizar alguma eixos para guiar essas reflexões: 1) a natureza da conexão; 2) o contexto em que a conexão se formou; 3) intensidade vs profundidade; 4) reciprocidade; e 5) expressão e acolhimento do afeto.


Natureza da conexão

Em princípio, pode parecer algo simples de se definir: uma conexão de amizade, de amor, de fraternidade, etc. Mas se tentarmos definir concretamente uma diferença entre amizade, amor e fraternidade, apenas como exemplo, podemos até encontrar alguns pontos exclusivos, mas há tanto em comum que na prática pode ser difícil diferenciar completamente uma coisa da outra. Eu, pessoalmente, não acredito que seja possível colocar sentimentos em caixinhas específicas e bem delimitadas. Sentimentos são fluidos. E isso, inevitavelmente, torna a natureza das conexões afetivas formadas por esse sentimentos igualmente fluidas.

Talvez isso não seja algo generalizado, mas, ao menos em minha experiência pessoal, eu reconheço algumas amizades com o mesmo nível de intensidade e profundidade mas com uma natureza bastante diferente quando colocadas lado a lado. É difícil classificar e descrever aqui de forma clara, porque, no fundo, o que diferencia essas amizades é o amálgama de sentimentos e experiências que definem esse vínculo afetivo. E isso é completamente difuso e complexo! 

E é dessa mistura tão cheia de nuances que se criam conexões com naturezas diferentes. Desde uma amizade que também é seu amor para vida toda, ou uma amiga que é sua irmãzinha no coração, amigos com olhares de cumplicidade pura que se reconhecem nas camadas mais internas, ou mesmo afetos que são mais intelectuais, ou mais ligados a questões práticas ou funcionais de determinado contexto, e até conexões que se manifestam por meio de um afeto mais superficial.

Na prática, você se sente mais a vontade de conversar sobre determinados assuntos com um amigo e menos com outro? Ou sente mais apoio em relação a determinada questão emocional do que sobre outras? Ou mesmo sabe que não pode contar muito com uma conexão mesmo que sinta vontade de buscá-la?

Nesse sentido, eu diria que uma coisa ao mesmo tempo linda e assustadora é como há uma infinidade diferente de laços efetivos possíveis. E faz parte do processo de conexão reconhecer, aos poucos, as nuances dos sentimentos que formam esse vínculo.  E, a depender dos tipos de sentimentos envolvidos, podemos formar conexões com naturezas mais ou menos perenes, mais ou menos intensas ou mais ou menos profundas. Ou , às vezes, simplesmente não há compatibilidade entre os conjuntos de sentimentos em cada ponta do laço, mesmo que todo o restante favoreça essa conexão. 


Profundidade vs intensidade 

A natureza da conexão se relaciona muito diretamente com a forma como essa conexão vai se manifestar no coração dos envolvidos. Às vezes formamos um laço tão bonito e tão intenso, mas sem profundidade real. Ou, aos poucos, um afeto vai criando raízes em nosso íntimo mesmo sem se manifestar da mesma forma em intensidade. Na realidade, diferenciar intensidade de profundidade  muitas vezes é difícil - eu mesmo vivo confundido essas coisas. 

Mas, pensando sobre tudo, e refletindo sobre as pessoas que tenho em meu coração e que me fazem sentir saudades, acho que posso afirmar o seguinte: a profundidade afetiva cria uma base duradoura e firme para a conexão, o que, para os propósitos desse texto, resulta em saudade na definição mais bela dessa palavra. Intensidade, por outro lado, não cria base, mas catalisa o que vem da raiz. Um afeto profundo e intenso não apenas dói na distância como também nutre de amor. Um afeto intenso, mas sem profundidade, gera um sentimento de falta, de vazio, mas não nutre, não mantém, não aquece o coração.

Então o que leva uma amizade, ou um amor, a criar raízes profundas? Essa é uma pergunta mais difícil de responder, pois, como já comentei, cada conexão tem uma natureza única e se desenvolve de forma particular. Mas, me permitindo divagar sobre isso, eu diria que profundidade, na maioria das vezes, se cria a partir de pequenos gestos compartilhados, em um contexto que permite que o afeto se alimente de amor, e, principalmente, de forma recíproca.

Acho que laços se desfazem primariamente por nunca terem se tornado fortes (ou profundos) o suficiente para criarem uma base que se mantém mesmo quando o contexto impõe limitações. É como uma árvore, precisa ser cuidada e nutrida com carinho até que possa se manter firme e dar frutos. E, hoje, no mundo em que vivemos, tão apressado, tão superficial, parece ser difícil existir contexto ou vontade de ter esse cuidado. Eu gosto muito desse trecho da canção "Arbolito punk", acho que diz muito sobre isso:

Soy un arbolito que vá

Subiendo hasta el cielo

Y mis raíces crecen fuerte

Y profundas en el suelo

Se a vida é um movimento

Sementinha de sanação

Me sento segura com meu alento

E a força do meu coração

Y por eso estoy conectado

Con lo que hay, con lo que fue

Y lo que será


Contexto

Da mesma forma que a natureza de um laço afetivo possui uma infinidade de possibilidades, também há vários contextos nos quais ela pode surgir, se desenvolver e permanecer (ou não). Esses contextos não somente moldam de alguma forma como essas conexões se manifestam, mas também regulam as possibilidades de aprofundamento afetivo ou o quanto de intensidade pode ser expressado. 

Pode ser uma amizade de infância, que surgiu em um contexto de pureza e ingenuidade, livre para crescer com todo o tempo do mundo. Pode ser uma sentimento de fraternidade que se intensificou e ganhou profundidade por um contexto de vulnerabilidade compartilhada. Pode ser, ainda, uma amizade que surgiu no contexto profissional, cheio de limitações e rigidez emocional, que impediu que ganhasse raízes. Pode ser uma amizade vinculada a um projeto/trabalho/estudo com prazo para se encerrar.

Já está claro, nesse ponto, que uma conexão se torna significativa a ponto de gerar saudade por múltiplos fatores. O contexto é um deles, mas é o único fator essencialmente externo, ambiental por assim dizer. Amizades nos contextos mais improváveis e restritos se criam e se fortalecem, mas geralmente requerem um envolvimento maior das duas pontas do laço. Algumas das minhas amizades mais profundas surgiram a partir de contextos que restringiam o desenvolvimento afetivo, mas foram de uma forma ou de outra superados pelo interesse mútuo em criar oportunidades para cultivar o afeto e manter uma conexão real.

Além disso, outro ponto importante é que a vida é movimento e tudo sempre está mudando. Contextos mudam o tempo todo. Uma amizade que surge em um momento de muita proximidade e cumplicidade, pode passar por contextos que impõem distância física, por exemplo. Nesse caso, será que houve tempo e envolvimento suficientes para criar uma base que mantém o laço bem atado? E, mais do que isso, em uma mudança grande, há mutualidade em relação ao carinho que se tem por aquela conexão? Às vezes certos desalinhamentos só se apresentam em contextos de limitação e conflito e podem resultar em uma espécie de quebra do contrato do laço afetivo gerado em um momento mais simples.

Haven, um jogo de um estúdio independente francês, ilustra muito bem como o contexto dialoga diretamente com conexões afetivas (spoilers a frente!). 

Ilustração do jogo Haven, mostrando o casal que acompanhamos ao longo da história (adoro essa arte)

Nesse jogo, um casal apaixonado foge de uma sociedade com regras rígidas que impediam a expressão do amor deles. Nesse novo ambiente, completamente sozinhos, eles vão criando um lindo laço de cumplicidade, companheirismo, suporte e amor. No entanto, em determinado momento todo o contexto muda e volta a ameaçar a expressão do amor deles. Mais do que isso, a continuidade da conexão passa a colocar a vida deles em risco. 

Há dois finais possíveis no jogo. Em um dos finais, no ápice da pressão que estão sofrendo um dos personagens simplesmente não consegue manter o investimento emocional necessário para manter a conexão e desiste. Isso gera uma óbvia quebra daquele laço e a separação. Por outro lado, no segundo final eles decidem mutuamente entregarem tudo de si, confiando tudo um ao outro, mesmo correndo o risco de perderem tudo. Esse conflito não só fortalece e aprofunda o laço deles como também permite que eles permaneçam juntos no final.


Reciprocidade 

O exemplo anterior, do final de Haven, mostra que além do contexto, outro fator, talvez o mais fundamental, é a reciprocidade. A decisão dos personagens, de lutar ou não para ficarem juntos, é, no final das contas, definido pelo grau de reciprocidade que há naquela relação. Um dos personagens estava disposto a ir até o final, independente das consequências. Mas se o outro não possui o mesmo nível de comprometimento com a conexão afetiva, não há nada o que possa ser feito. Não sem dor e tristeza.

Então, se o contexto é um fator externo, aqui estamos falando de um fator interno, mas no interior do outro também. A reciprocidade, por definição, é o fator mais determinante na criação, desenvolvimento e, principalmente, manutenção de um laço afetivo. Não existe viabilidade para uma conexão alimentada de forma unilateral. Relações desbalanceados, em que uma das pontas do laço carrega um peso maior, podem até se manter por algum tempo, mas a preço de dor, frustração e tristeza. 

Quando um lado alimenta a conexão com carinho, presença e suporte, mas o outro lado se mantém passivo, ou com muito menos entrega, o lado que carrega a relação pode sofrer muito. Se há muito carinho, isso pode gerar um situação de muita dor, pois largar o laço, ao mesmo tempo que representaria a libertação dessa prisão de dor, também significaria perder algo importante. Isso pode gerar o que há de mais triste, trágico e degradante em conexões afetivas. 

Muitas vezes isso também pode resultar em uma espécie de dissonância entre os dois lados da conexão em que para um há carinho, afeto e amor e para o outro apenas uma relação funcional. Pessoas mais emocionalmente abertas em ambientes formais convivendo com pessoas mais práticas e pragmáticas tendem a estabelecer esse tipo de relação emotiva vs funcional. É como se a natureza da relação fosse diferente para cada um dos envolvidos.

Por outro lado, a reciprocidade é uma das coisas que mais pode tornar uma conexão afetiva bonita e enriquecedora emocionalmente. Entregar carinho e receber ternura. Entregar presença e receber acolhimento. Entregar vulnerabilidade e receber suporte. Entregar anseios e receber carinho. 

E muitas vezes isso se traduz em pequenos gestos do dia a dia. Como um sorriso e um abraço em um dia mais duro. Apoio e ajuda em momentos mais atribulados. Um convite para um chá ou um café para celebrar uma conquista ou apenas conversar um pouco. A presença atenta, ou mesmo silenciosa, quando há tristeza. Às vezes um singelo "obrigado" e reconhecimento por algo que foi feito. Um simples olhar de cumplicidade. Uma conversa aberta e sem defesas. Um convite para diversão para escapar um pouco de um contexto rígido e formal. Uma sobremesa preparada com carinho. Ou às vezes apenas uma simples pergunta "Você está bem? Precisa de algo?".

Eu sinto que tenho muita sorte por ter mantido amizades tão queridas pra mim durante muitos anos. E, olhando hoje, todas essas amizades se mantiveram pela disponibilidade mútua. Desde priorizar tempo para aquela pessoa importante pra você, até se manter aberto para manter uma troca emocional sincera.

Cada laço afetivo se materializa de uma forma diferente a depender dos inúmeros fatores que emergem em seu entorno. No entanto, no final das contas, trata-se da disponibilidade, física, emocional e/ou afetiva.. a expressão dessa disponibilidade pode vir de formas diferentes, mas  sempre precisa estar lá.


Expressão e acolhimento individual de afeto 

A expressão mútua de carinho e busca por conexão é essencial, mas a forma como isso se efetiva individualmente pode fortalecer ou enfraquecer um laço afetivo. Cada pessoa tem seu próprio conjunto de valores, experiências, limitações emocionais, possíveis traumas e capacidade de expressar emoções. A combinação de todos esses tratos internos resulta em uma forma única de expressar E acolher sentimentos. 

Algumas pessoas se expressam mais abertamente, com muita clareza, outras preferem se apoiar na ambiguidade, outras são mais fechadas ou tem dificuldade de lidar com emoções. Não existe uma fórmula ideal, mas conexões afetivas precisam ser alimentadas com algum nível de carinho e cuidado para perseverarem. A busca por uma compatibilidade entre formas diferentes de expressão de carinho e amor pode ser árdua em uma amizade. Duas pessoas muito expansivas emocionalmente podem se afastar, por exemplo. Uma pessoa mais sensível e de coração aberto pode se sentir desconectada de uma pessoa que se expressa de forma mais contida ou fria. Uma pessoa que tem mais travas para acolher sentimentos pode achar demais a entrega de alguém mais intenso emocionalmente.

Duas pessoas podem ter todas as condições do mundo para formarem uma linda conexão, e podem até mesmo ter toda a vontade e interesse que isso ocorra, e ainda assim podem ser incompatíveis por conta de suas diferentes formas de expressar e acolher afeto. Além disso, para tornar tudo mais complexo, o contexto, a profundidade, a intensidade, o nível de reciprocidade, tudo isso influencia e retroalimenta o nível e tipo de expressão e acolhimento de amor e carinho em um laço afetivo.

Ao longo dos anos, eu fui aprendendo que minha forma de expressar afeto por pessoas que estão em meu coração é por meio de gestos de cuidado. Cuidar da pessoa por quem eu tenho carinho é minha máxima expressão de conexão. Às vezes isso se reflete em pequenos gestos rotineiros, às vezes em mensagens, às vezes em um olhar sorridente, às vezes em uma conversa. Mas o cuidado sempre está ali de alguma forma. E, justamente por isso, já me machuquei por querer criar vínculos afetivos com pessoas que tinham todo um conjunto diferente de formas de expressão afetiva ou que não se sentiam a vontade de acolher esses gestos. 

Por exemplo, minha esposa sempre me diz que eu sou bonzinho demais com as pessoas e que isso me gera situações de desequilíbrio. Eu concordo, mas essa é minha forma de ser e mudar isso drasticamente significaria mudar quem eu sou. Além de reconhecer isso, é importante também entender que não nos cabe mudar nossa forma de ser para caber em uma conexão que não nos dá espaço para sermos quem somos de verdade. Minha esposa também diz que foi essa minha forma de expressar carinho que fez ela se apaixonar por mim, o que diz muito também. E quando reconhecemos isso, começa a ficar mais fácil entender por que alguns vínculos são mais firmes e nos causam tanta saudade e outros parecem se desfazer mais facilmente - não necessariamente por serem menos intrinsecamente valiosos, mas por serem menos compatíveis com nossa linguagem de amor e carinho. 


Saudades 

Com tudo isso em mente, acho que é possível tentar traçar uma racionalização pra entender porque algumas conexões afetivas ficam firmes e outras se desfazem ou nunca se tornam plenas. Racionalizar sentimentos tem uma série de limitações, pois sentimentos são para serem sentidos e não medidos ou matematicamente elucidados! Mas, ainda assim, considerando essas limitações, eu diria que a saudade que fica em nossos corações é a marca de uma conexão que se apresenta como algo que aquece o coração. Algo que teve contexto ou valor suficiente para que raízes se aprofundassem, com equilíbrio, no carinho e cuidado e compatível com os valores e forma de entregar e receber amor. Isso deixa uma marca doce de ternura no coração e que permanece lá, mesmo a distância, aquecendo o peito em um sentimento de saudade. 

Por outro lado, infelizmente, às vezes por qualquer daqueles fatores,  a conexão, por mais importante que possa parecer, não se desenvolve e a tentativa de mantê-la pode apenas causar dor e ruído. E o que sobra é um vazio estranho, não uma saudade terna, mas uma perda fria. No mundo real, e considerando todos os fatores em jogo, é muito mais fácil chegar a esse desfecho do que o da saudade real. E, justamente por isso, eu sempre penso que minhas amizades tão profundas e duradouras são um milagre em minha vida - todas elas passaram por contextos que poderiam facilmente ter afrouxado os laços por uma perda do interesse mútuo de manter o laço firme, ou mesmo por diferenças culturais na forma de expressar carinho, ou simplesmente por um afastamento físico e contextual ao longo da vida. Mas, mesmo assim, com todas as probabilidades de se perderem, manteve-se uma troca genuína de carinho e, por isso, continuam aqui aquecendo meu coração enquanto escrevo esse texto. :)


Daily post

I’m writing this post in a very specific context. I’ve just received the renewal for my 1-year postdoc appointment, along with my new visa document! I’m truly excited about this, not only for the professional opportunities ahead (I am super excited about my new project!) but also for the extended time to enjoy NYC and spend more time with my dear friends here. Maybe I’ll even build new meaningful friendships.

That said, it also means staying far from most of my friends and family for an extended period. As I write this, I’m starting the 12th month of my current stay, which means I have never been far from my emotional support system for such a long time and also that I’m halfway through the planned time in the US. A visit to Brazil is still uncertain, so I’ll probably only see my friends and family again after a full year. I do have a date to return home, even though, at times, NYC feels like home too. Still, I miss my friends. More than that, I feel saudade, and I’m sorry, there’s really no accurate translation for that word in English.

All of this has made me reflect on how lucky I am to have such caring, long-lasting friendships in my life. Coincidentally, this weekend I had meaningful conversations with a few of them. This week, I’ll probably have dinner with two dear friends and even a call with my little sister. When I say that friendships like these are miracles, I truly mean it. How is it that we’ve kept these connections alive for so many years, as if the emotional bond never faded?

One of my most precious friends, Gaby, has known me since our first semester of college (that’s almost 20 years ago!), and we still get together for coffee every month, or at least a video call now that I’m abroad. Or my little sister: every time I see her in NYC, I feel the same happiness I used to feel nearly a decade ago when we first met. These are just two examples, but I have other friendships that are just as meaningful, and I truly believe they are one of the things that make life worth living.


Post scriptum

Eu tenho trabalhado bastante no novo projeto. Sem dar muitos detalhes, vamos dizer que ele, de repente, se tornou mais desafiador do que se esperava quando foi idealizado. Felizmente, eu desenvolvo esse trabalho em conjunto com minha prima. Gosto bastante de trabalhar com ela, acho que formamos uma boa dupla científica e costuma ser divertido quebrar a cabeça com ela pra desvendar os mistérios dos reatores novos.

Quando digo prima, é um conceito sugerido pelo pesquisador líder do grupo de pesquisa, meu supervisor. Ele diz que doutorandos no mesmo grupo de pesquisa são irmãos e quando perguntado sobre posdocs e doutorandos, ele disse que são primos.

Honestamente, eu ativamente não gosto desse conceito proposto por ele porque, literalmente, é o oposto do que expresso quando me refiro a meu irmão Ranran ou minha irmãzinha Minxi. Quando eu faço isso, estou atribuindo valor, histórico e afeto real a relação com eles. Por outro lado, o conceito proposto pelo supervisor atribui de forma mecânica o título de irmãos/primos como algo puramente funcional. Isso dilui o significado de uma relação fraternal em uma relação de trabalho. 

Isso vai tão na contramão do que eu acredito, mesmo em relações de trabalho. Pessoas são mais do que suas funções. São seres humanos, com sentimentos, anseios, expectativas, sonhos, etc. Não há um botão de liga e desliga para isso, e respeitar o aspecto humano, mesmo em uma relação de trabalho, é o mínimo que se deve fazer. Por isso, se eu escolho chamar alguém de família, nunca será por convenção ou protocolo, mas sim por valores, afeto compartilhado e uma conexão real que tenha se formado ao longo do tempo.

--

Pra finalizar, vou deixar uma foto do desejo que deixei no Tanabata Matsuri para o próximo ano.

UPDATE: vou deixar aqui tbm uma foto do jantar com meu irmão do coração Ranran e minha amiga Catherine. Deu um quentinho no coração :)


心の安らぎ - paz no coração :)

Uma tarde com coração quentinho :)