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terça-feira, 8 de março de 2016

Eu quero ser cientista!

Aos 10 anos eu dizia que queria ser cientista, pois o caminho do conhecimento sempre me pareceu o mais fascinante. Hoje, aos 26 anos, mestre em ciências e lutando por um título de doutor, continuo achando fascinante, mas agora sei o quão assustadora a carreira acadêmica pode ser.

Como tudo começou..

Quando comecei o curso de Bacharelado em Gestão Ambiental pela USP, em 2007, eu não sabia bem o que esperar dessa carreira, tudo o que eu queria era me direcionar de alguma forma para a pesquisa. Vendo que a Iniciação Científica* (IC) poderia ser minha grande oportunidade de me iniciar na carreira acadêmica, ao final do meu primeiro ano de graduação me inscrevi em um programa de IC da USP. No início de 2008, fui selecionado pelo programa para receber uma bolsa (na época, R$ 300, atualmente R$ 400) e em contrapartida desenvolver um projeto.

O fato de, com a IC, eu estar aprendendo cada dia mais, em contato com a carreira que eu queria tanto seguir, fez com que eu me apaixonasse e alcançasse bons resultados. Assim, meu orientador me convidou a renovar a bolsa por mais um ano. No final do segundo ano, submeti, junto ao meu orientador, um projeto à FAPESP, solicitando uma bolsa de IC. A bolsa de IC foi aprovada (R$ 430,00) e ainda recebemos cerca de R$ 10.000,00 reais da USP para montar o experimentos com reatores biológicos! Isso foi no meu último ano de graduação.

*Para os que não sabem, iniciação científica (ou IC para os íntimos) é uma modalidade de pesquisa no qual um aluno de graduação desenvolve um projeto sendo orientado por um professor. Para fins práticos, pode-se entender como uma monografia fortemente ancorada nos métodos científicos.


E a coisa fica séria...

Após colar grau, durante um ano, participei de projetos de pesquisa no grupo de pesquisa que eu fazia parte. Ao final desse ano, me inscrevi no processo seletivo e em 2012 iniciei o mestrado na área de saúde ambiental, ainda no tema de tratamento biológico de águas residuárias inserido em um projeto de uma rede com mais de 10 universidades brasileiras.

Bom, foi a partir desse ponto que eu realmente comecei a ver tudo o que a ciência poderia oferecer e, ao mesmo tempo, o preço que ela cobra.

Muitas, muitas, muitas (muitas mesmo!) horas preocupado com o projeto, estudando para as disciplinas, lendo artigos científicos, trabalhando no laboratório. Em geral, finais de semana eram dedicados a leituras, exceto quando era necessário algum ensaio no laboratório. Descanso e lazer: segundo plano sempre. A pressão para que tudo saísse bem era intensa. O tempo curtíssimo. Os imprevistos constantes. Isso tudo elevava o nível de estresse a patamares jamais vistos antes. 

Mas nem tudo era horrível. Por meio de congressos, cursos, treinamentos e reuniões científicas, pude conhecer (só puxando pela memória): Belo Horizonte, Vitória/Vila Velha, Florianópolis, Curitiba, Guadalajara. Além de passar uma temporada de dois meses no México. Sendo que todas me renderam experiências pessoais e profissionais extremamente valiosas.

No final deu tudo certo: defendi minha dissertação, senti muito orgulho do meu trabalho e fui convidado a realizar o doutorado.

Os próximos passos...

Hoje, no doutorado na área de sustentabilidade, sinto que tenho muito mais maturidade para lidar com as dificuldades que tive ao longo do mestrado. Agora os níveis de cobrança (principalmente autocobrança) são muito maiores e as responsabilidades e pressão por inovação e divulgação científica através de publicação de artigos científicos são sempre presentes.

Sigo batalhando para me tornar um cientista. No último semestre passei com conceito máximo em uma disciplina de engenharia bioquímica, algo que eu jamais pensaria ser possível quando estava na graduação. Acho que se "meu eu de 10 anos" me visse hoje, sentiria orgulho e empolgação. Eu só evitaria contar certas coisas, pra não desencorajar. ;)

Há muitas outras coisas que eu poderia falar sobre minhas experiências acadêmicas, mas vou deixar para uma outra oportunidade. Enfim, esse foi um breve relato sobre minha trajetória acadêmica até o momento. Daqui uns 3 anos eu espero atualizar essa postagem dizendo como foi obter o título de doutorado, mas, por enquanto, o jeito é estudar, e muito!

*** 

Post script

Há alguns dias me dei conta de que eu não publiquei nada no blog durante todo o ano passado. :/ Então decidi postar algo pra evitar ocorrer o mesmo esse ano. Seguindo a lógica da postagem anterior, meu blog é um pedaço de mim muito importante, que me acompanha há mais de 10 anos. Vou tentar cuidar melhor dele.

Postando ao som de um monte de canções no Spotify, descansando um pouco após um dia cheio, com aulas de bioestatística pela manhã e eletroquímica/termodinâmica pela tarde.


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